ilustração por Valter Mello |
Ontem pela manhã, acompanhei minha esposa ao médico,
exatamente no horário da entrada de um colégio que fica em frente ao local da consulta.
Na falta de algo pra ler, fiquei observando a entrada de alunos por volta de uns 15 a 20 minutos
e o que vi não é exatamente um painel elogioso sobre os valores daqueles que
são “o futuro da nação”.
Eu estava em uma posição privilegiada para ver os carros que
chegavam e como paravam, as interações no desembarque, e a passagem dos alunos pela
portaria.
Sem medo de errar, eu digo que menos de 20% dos alunos
cumprimentaram o porteiro ao passar por ele.
Ainda menor do que esse percentual, foi o dos alunos que ao descer
dos carros dos seus pais, lhes deram um beijo, ou ao menos um “tchau” ou
tiveram uma interação mínima. A imensa maioria saiu do carro completamente indiferente a que estava ao volante.
E inversamente proporcional a isso, foi o dos carros parando
no meio da rua ou em fila dupla, para não se dar ao trabalho de encostar no meio fio, ainda que haja um bom
trecho de calçada livre em frente à portaria exatamente para evitar congestionamento na rua estreita.
Não quero afirmar aqui que essa falta de civilidade seja
exatamente culpa da escola, uma vez que tenho a opinião de que educar não é a
função primeira de uma instituição de ensino. Esse tipo de educação deve vir de casa.
Entretanto, imagino que uma escola que pretende formar
nossos futuros líderes, cuja mensalidade deve beirar os R$1.000,00 senão mais,
e cujos alunos são levados até ela em grandes SUVs e carros nada populares, deveria
cuidar da formação também em cidadania e não se preocupar só com o faturamento e com boas notas do
ENEM.
Como imaginar que adolescentes que são completamente indiferentes ao porteiro que diariamente cuida de sua segurança, estejam desenvolvendo bons hábitos de urbanidade?
Como imaginar que adolescentes que percebem seus pais apenas como motoristas, talvez até como reflexo de não ver neles os exemplos mínimos de respeito ao próximo, estejam desenvolvendo noção de respeito
Como eu aposto que isso se repete em outras escolas particulares por aí, eu pergunto: É essa a qualidade dos líderes que estamos desenvolvendo? São eles que mudarão o Brasil para melhor?
Pobre Brasil!
Nenhum comentário:
Postar um comentário