O nome "Gran Circo" exprime bem a maneira como penso.
Aparentemente caótico, mas muito planejado, às vezes irônico mas sobretudo divertido.
Não esperem só palhaçadas.
Críticas e manifestações humanas em geral terão lugar garantido no picadeiro.

Agora vamos ver como os domadores e palhaços que moram entre as minhas orelhas irão se comportar!



06 janeiro 2022

Sobre castelos de areia e castelos de cartas

 Pensei  ter construído castelos de areia, e cuidei de protege-los contra a força das marés.

Mas me enganei, eram castelos de cartas e ruíram lentamente pelas conjurações do mágico cego.

Olhei para as cartas destroçadas no chão, e vi que não formavam sequer um par de dois. Só via as imagens de paus e as espadas apontando para corações que sangravam, nenhum rei ou rainha, nenhum cavaleiro ou herói, e percebi que já não valia mais a pena gastar energia para tentar reconstruir nada.

Afastei-me, zonzo e sem rumo. Sem nenhum plano definido. Abri a porta com raiva...

porém, do lado de fora, a vida seguia em toda a sua plenitude e vigor, e vi flores desconhecidas além do jardim, precisando que fossem regadas e me oferecendo o seu perfume.

Valter Mello
06 de Janeiro de 2022

01 março 2021

A infestação da militância nos meios educacionais

 Muitos ainda insistem em dizer que "não existe militância" nos meios educacionais.  Mas recentemente eu tive a oportunidade de ler um livro que abordava temas como direitos humanos, história e cultura brasileira e africana; ambiente e sustentabilidade, prevenção de drogas, etc.  Fiquei impressionado com a insistência em culpar o mercado, a "ditadura de direita", o europeu explorador, o iluminismo, enfim a cultura ocidental, por todas as mazelas do mundo.  E por outro lado, a apologia do marxismo, a quitação das tais dívidas históricas, o revisionismo, a eliminação da propriedade privada, como o caminho para o paraíso.

Percebi que a única coisa que importa é a narrativa e não a história.  Só como exemplo: Em certa passagem, dois doces de origem portuguesa foram citados como influência africana em nossa culinária, bem como a já tradicional feijoada e outros de origem indígena.

Nem vou me estender naquilo que o autor escreveu sobre os males causados pelo iluminismo e progresso científico.

 Só sei que está difícil endireitar esse mundo, isso está!

27 fevereiro 2021

Hoje, como eles veriam as suas próprias obras?

 


"A incitação à luta é um dos meios de sedução mais eficazes do mal"  Franz Kafka

Li essa frase de Kafka há alguns dias e percebo que apesar de tantos anos passados, o conceito continua sendo utilizado pela militância esquerdofrênica no mundo todo.

E, a partir dela, me veio uma ideia estranha.

Imagine um encontro de Kafka com José Saramago, Ray Bradbury, George Orwell, Aldous Huxley, Anthony Burgess, Maurice Blanchot, em uma reunião promovida por Jorge Luis Borges.    Será que chegariam à conclusão que as distopias sobre as quais escreveram, hoje só pareceriam livros para adolescentes pervertidos?

Eu acho que concluiriam que foram felizes por viver em um tempo quando suas ideias só existiam no papel.

15 fevereiro 2021

Frases inspiradoras sobre fotografia

 Não sei se você sabe, mas eu sou um homem bastante eclético e isso envolve múltiplas paixões. Uma delas é a fotografia.  Sou um bom fotógrafo? Hummm, não sei, prefiro que me digam se o sou, mas procuro ser muito dedicado, o que com certeza vem da eterna mania de aprender que me domina.

Mas o que interessa é que buscando temas para orientar minhas aulas, fiz uma compilação de 20 frases inspiradoras, ditas por fotógrafos, sobre o tema, colhidas em livros ou diretamente via Google.  Vamos a elas, sem nenhuma ordem específica:


“Fotografar, é colocar na mesma linha a cabeça, o olho, e o coração” Henri Cartier-Bresson

“Fotografia é a estória que eu falhei em colocar em palavras” Destin Sparks

“Em fotografia há uma realidade tão sutil que se torna mais real que a realidade” – Alfred Stieglitz

“Há uma única coisa que uma fotografia deve conter, a humanidade do momento” – Robert Frank

“Fotografia é um modo de sentir, de tocar, de amar. Aquilo que é capturado em um filme é capturado para sempre... Vai relembrar pequenas coisas, muito depois que você tenha esquecido tudo” – Aaron Siskind

“Fotografia para mim não é o olhar, é o sentimento. Se você não se emociona com aquilo que você está vendo, então você nunca conseguirá que os outros sintam nada quando olharem para suas fotos” – Don Mc Cullin

“Um retrato não é feito na câmera, mas em ambos os lados dela” – Edward Steichen

“Para mim, fotografia é uma arte de observação. É sobre encontrar algo interessante em um lugar corriqueiro...Eu tenho percebido que há pouco a fazer com as coisas que você vê e muito a fazer com o modo como você as vê” – Elliott Erwitt

“A câmera é um instrumento que ensina as pessoas como ver sem uma câmera” – Dorothea Lange

“Quem não gosta de esperar não pode ser fotógrafo” – Sebastião Salgado

“Não fazemos uma foto apenas com uma câmera; ao ato de fotografar trazemos todos os livros que lemos, os filmes que vimos, a música que ouvimos, as pessoas que amamos” – Ansel Adams

“A câmera não faz diferença nenhuma. Todas elas gravam o que você está vendo. Mas você precisa ver – Ernst Hass

“Minha fotografia é a resistência da memória” – Araquém Alcântara

“Pessoas fazem foto de qualquer coisa bonita. Fotógrafos fazem fotos bonitas de qualquer coisa” – Rafael Correa Batista

“Tem coisas que estão além da fotografia, que moram no invisível da imagem, nos fatos que levaram alguém num determinado dia a fotografar tal cenário, com tais pessoas” – Boris Kossoy

“E você pode ficar horas e horas olhando para uma imagem e voltar a ela daqui a dez anos. Mas a sua interpretação sobre a mesma cena será outra, pois você já não é a mesma pessoa” – Boris Kossoy

“Fotografar é enxergar objetos, cenários, personagens e conceitos que não são visíveis a olhares comuns.”  - Eliane Terrataca

“Ao encostar o olho no visor, a realidade que nos envolve desaparece e a única que interessa é a que captamos através da lente.” - J.R. Duran

“Fotografias são símbolos. Ou você tem uma foto que conta uma história sem precisar de legenda, ou você não tem nada.” - Sebastião Salgado


04 outubro 2020

Uma nota sobre o sistema eleitoral - ou Matar no ninho para mudar o Brasil

 Agora mesmo estamos no meio do tiroteio midiático sobre a indicação de um nome para o STF. Se o cara é bom, se B está baixando as calças para o Centrão, se é um erro?   E nós aqui, a essa altura do campeonato, só assistindo o show da política de várzea nacional, seja vaiando ou aplaudindo, mas como meros espectadores.

Sabe porque isso continua acontecendo? De novo e de novo? Porque estamos nos preocupando com o personagem errado.

Sem querer passar pano, é preciso que fique claro que o Bolsonaro não joga sozinho. Aliás, parece que ele está jogando contra treze. Onze são juízes que vão mudando as regras conforme seus interesses e os outros dois querem ser os donos da bola (e da$ bolada$).  E os demais do “congresso” só estão lá pelo troca-troca (com algumas raras e boas exceções).

Muito criticamos as regras do jogo, a infinidade de partidos (que só querem dinheiro), as regalias, as mamatas, e o mau uso da coisa pública por parte desse bando de marginais engravatados, e reclamamos que nada mudará porque são eles que fazem as regras.

Entretanto, podemos começar a mudar o Brasil para valer a partir de Novembro, e é muito fácil.

Como diz um velho ditado popular: Precisamos matar no ninho aquilo que nos incomoda. No sentido de não deixar que o mal se desenvolva. 

Pois é, nessa eleição, siga as cinco regras abaixo para eleger um candidato, e garanta um Brasil melhor para seus filhos:

a)      Não vote em ninguém que esteja escondido atrás de um apelido: Zé da perua; Carlinhos do farmácia; Tio da escolinha.   Candidato deve ter nome e sobrenome. E ponto! 
Se seus nomes não são suficientes para que se elejam, não merecem ser eleitos. Simples assim!

b)      Não vote em ninguém que apareça representando uma profissão ou uma corporação:  Pastor Juca; Dr. Pancrácio; Asdrúbal do Sindicato; Maria do SUS; Sargento Pincel; Pastor Ádélio.  Quem quer se eleger assim já está sinalizando que quer vantagens ou que vai oferecer vantagem a um grupo.  Profissões ou títulos não definem o caráter de ninguém.

c)       Candidatos a reeleição.  Para esses é fácil. Vamos botar essa turma para trabalhar. Não reeleja ninguém. Nem vereadores e nem prefeitos.  Esses já mentiram para você, não lhes dê uma segunda chance.

d)      Filho ou parente de político com mandato.   Cuidado. Esses já tem vícios de família.  Não vão querer mudar nada.

e)      Candidatos que se apresentem com qualquer nome aposto ao seu: João “Honesto” da Silva; Cornélio “Bolsonaro” de Oliveira; João “Lula” Cardoso.  Esses já estão dizendo que não tem programa. Só querem passar por amigos do rei.

E independente dos nomes. Preste atenção em suas plataformas.  Tem gente que anda prometendo que vai até revogar a Lei da Gravidade.   Procure saber quais são as reais atribuições e limitações de seus cargos.

A nossa faxina da política nacional segue a regra básica: Pense globalmente, aja localmente.  Dito de outro modo, se quisermos que o Brasil se arrume, precisamos começar arrumando o nosso quintal.   Foi porque não fizemos isso antes que temos essa escumalha dirigindo os nossos destinos.

Só não deixe de votar. Ao contrário do que alguns ainda acreditam votos nulos, brancos e ausências, não contam. Você só estará deixando que outros decidam por você.

16 setembro 2020

O novo normal

imagem por Ripujit Singh in Pixabay.com

Na minha opinião, esse tal "novo normal" é mais uma bobagem da mídia, que já se especializou em cunhar sandices.  A única coisa que me parece lógica nisso tudo que está acontecendo, é que o isolamento, o medo de que a sua resistência à doença não seja suficiente, o afastamento de gente tóxica, a saudade dos abraços, tudo isso está precipitando algumas mudanças comportamentais que, de resto, iriam acontecer talvez um pouco mais tarde.

Mas, para além disso, há algo interessante acontecendo, sim!

O bairro em que moramos é hoje habitado por prestadores de serviço, comerciários, um ou outro empresário e seus estabelecimentos, e as indefectíveis igrejas evangélicas, bairro esse que apesar das mudanças atuais, nasceu operário, daqueles com botecos onde se reunem os vizinhos (e hoje os nóias), que ainda tem casas com quintais relativamente grandes, e vizinhas comadres fofocando em alguns portões ou regando as suas plantas. 

É nesse entorno que estou vendo acontecer um retorno a eventos da minha infância, quando Mogi era uma cidade do interior:

O som da flautinha do amolador de facas; a buzina do padeiro; a versão motorizada do verdureiro e do vendedor de ovos, agora fazem parte do dia a dia.

Não vai demorar muito para a bicicleta do peixeiro aparecer por aqui.

Talvez o novo normal aconteça quando as cadeiras voltarem à calçada nos finais de tarde. 

09 setembro 2020

O mercado da fé

Realmente estamos vivendo tempos estranhos.

Instituições que deveriam ser sustentáculos para a edificação da fé, agora só querem se garantir financeiramente. Explico, pedindo desculpas por não ser mais explícito, visto que as coisas ainda estão por acontecer e eu não quero causar ruído desnecessário.

A Thais foi contratada para cantar em um casamento em uma dessas próximas semanas. Ajustado o cachê, contrato assinado, repertório escolhido, ensaios com a banda realizados. Parece que está tudo certo, né? SQN

Eis que sem bençãos e nem música de violinos ao fundo, ela recebe um whatsapp da igreja (eu disse IGREJA), em que alguém se identifica como do financeiro da dita, pedindo os dados para enviar um boleto de cobrança de uma taxa para que ela e banda pudessem tocar no casamento.

As primeiras frases da resposta da Thais foram: "Isso é uma pegadinha? Você jura que está querendo que eu pague para trabalhar?" Apesar da delicadeza dela, algumas frases é melhor não reproduzir, hehehe

Uma das características que eu mais admiro nela é o fato de que ela só aceita contratos em que haja uma sintonia, empatia, um clima legal com os noivos, e com os outros fornecedores, justamente para que esse dia não seja estragado por questões menores, ou interferências de terceiros.

E daí, acontece isso - que felizmente parece estar resolvido, sendo a tal igreja devidamente enquadrada no seu papel.

Fico impressionado com a cara de pau de certos “empresários da religião” (que não são poucos), que além dos dízimos e contribuições compulsórias, ainda tentam emplacar a venda casada da benção, impondo os seus próprios músicos, floristas, e sei lá mais o que. E tentando cobrar de qualquer modo, até dos fornecedores, no caso dos noivos não aceitarem as imposições.

O mercado da fé (ops! da má fé) está cada vez mais escancarado.

21 agosto 2020

Uma daquelas dúvidas que não querem calar

No Brasil existe algo em torno de 65.000 políticos eleitos, considerando apenas os titulares.  Desses, apenas 5.600 são do poder executivo, que só conseguem governar quando a maioria dos restantes em suas respectivas esferas, os apoiam.  E só um deles é o presidente.

Portanto, o que acontece de positivo ou negativo resultante das ações governamentais não é reflexo de ações individuais do titular do poder executivo - por isso o nosso sistema de governo é uma democracia e não uma ditadura.  

Temos a mania de achar que os políticos não prestam, mas eles são apenas 0,03% da população.  Será que é uma boa amostra do caráter do brasileiro médio?

Que tal se pararmos com linchamentos, começarmos a prestar mais atenção em quem colocamos como vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores, ao invés de achar que tudo é pessoal?  E refletir sobre o que já havia dito Kennedy há mais de 50 anos: Não pergunte o que o seu país pode fazer por você, mas o que você pode fazer pelo seu país.

Minha postagem de ano novo para 2020 - Parece que acertei em alguns pontos e errei em outros. Não esperava pelo que veio

 Olá meus amigos

2019 foi um ano bem intenso e com  muitas mudanças, algumas planejadas outras que caíram na minha cabeça sem pedir licença.

Foi também um ano de muito crescimento, muitas experiências novas, novos velhos amigos (daqueles que só faltava o encontro), e muitos sorrisos.

Também em 2019 eu tive que aprender na marra, sobre a dor da partida da minha mãe – que, sem dúvida, está brilhando no céu em que ela tinha tanta fé. Mas até isso me trouxe (e a todos os familiares) novos amigos e demonstrações de afeto e solidariedade muito profundos.  Amizades e sentimentos que nos honraram muito e dos quais não esqueceremos jamais.

Não tenho dúvidas que 2020 trará muitas reviravoltas, demandará muita superação, e muitas novas chances de continuar aprendendo.

Para vocês, meus amigos - físicos e virtuais, nós aqui de casa desejamos que 2020 seja um ano de muitos novos encontros, de muitos sorrisos e desafios superáveis qualquer que seja o tamanho.

E para complementar isso, vou recapitular um texto que publiquei no final de 2014, mas que me parece muito oportuno nessa virada de década, bastando ajustar as datas 😜.

Frases que eu curto

Eu já tive oportunidade de dizer, em diversas ocasiões, que não tenho gurús.  E tampouco sou um colecionador de frases, mas há algumas que são legais para reflexão.

Como essa: 

"Dream as if you'll live forever, live as if you'll die today.”  James Dean

Para refletir

Neste nosso país, em que meia dúzia de destrambelhados querem, a todo custo, atrapalhar a retomada de nossa dignidade, segue uma frase para nossas reflexões:

"As ideologias destroem a linguagem, uma vez que, tendo perdido o contato com a realidade, o pensador ideológico passa a construir símbolos não mais para expressá-la, mas para expressar sua alienação em relação a ela"

VOEGELIN, Eric. Reflexões autobiográficas. São Paulo: É Realizações, 2008 p.39

24 maio 2019

Continuamos a ser um povo mal educado


No caminho para a faculdade, eu passo por uma escola pública no horário da saída dos alunos.
É um verdadeiro estouro de boiada, com alunos correndo pelo meio da rua na contramão dos carros, como uma barulhenta onda de destruição, sem o menor indício de cidadania ou respeito, que de outro modo não me parece que faça parte do curriculum das escolas.  
Os poucos carros que buscam alunos nessa escola estão parados, impunemente, sob as placas de “proibido parar e estacionar”, quando não sobre a faixa de pedestres.
 É impossível não comparar com as imagens dos alunos japoneses andando em fila pelas ruas, respeitando a sinalização, atravessando as ruas somente nas faixas de pedestres e agradecendo aos motoristas.
Em um caminho alternativo, há duas escolas particulares e caras, mas o cenário não é muito diferente.   Os alunos só saem para a rua, acompanhados dos adultos responsáveis (pais, motoristas das peruas), porém nesse caso as filas duplas de carros na rua estreita sinalizam a falta de educação e respeito ao próximo, e pior, sinalizam aos filhos e alunos que respeito e cidadania não são importantes.
E continuando o caminho de pouco mais de 15 minutos, não há um dia que eu não veja carros fechando cruzamentos, atravessando semáforos vermelhos, ou desrespeitando pedestres que tentam atravessar nas faixas, ou do mesmo modo que em frente às escolas, atravancando as ruas sob placas de proibição.
Refletindo sobre isso, percebo que já estamos na segunda geração de mal-educados congênitos, e com uma terceira a caminho, sem que estejamos vendo nenhuma mudança de cenário para melhor.
Esse é só um exemplo de como estamos perdendo nossos valores.  Qual será a mágica que voltará a colocar o Brasil no rumo?

13 novembro 2018

Sobre o meio ambiente e a falta de educação do brasileiro

foto by Valter Mello in Parque Centenário - Mogi das Cruzes-SP
De vez em quando, chegam até mim através do grupo Jacutinga de observadores da natureza (facebook), constatações de agressões completamente gratuitas ao meio ambiente e à nossa fauna e flora.
Reputo isso, mais uma vez, ao fato de que somos um povo extremamente mal educado e isso não só do ponto de vista ambiental.
Falar na falência do sistema educacional do Brasil é chover no molhado, mas isso é o resultado do descaso que vem acontecendo há décadas. Infelizmente são poucos os brasileiros que conseguem entender que atitudes contra o ambiente são profundamente desastrosas no médio e longo prazo.
Mas aí eu pergunto:
Por acaso vocês que me leem sabem quantas questões sobre meio ambiente havia no ENEM deste ano?
Resposta: Nenhuma. Mas questões polêmicas, ideológicas e absurdamente além do que se ensina em nossas salas de aula, disso houve dúzias.
Tenho dó do Brasil.

29 outubro 2018

Reflexões pós eleições para a presidência

Bom! Agora no dia da redenção para 55% e dia do velório para 45%, vamos para algumas reflexões:
Disseram alguns que a vitória do Bolsonaro foi a vitória da ignorância e do atraso. Podemos examinar isso sob duas formas:

a) Considerando que Bolsonaro ganhou de goleada no Sul, no Sudeste, e no Centro Oeste, então podemos deduzir que essa é a parte "ignorante" do país. Por aqui temos 65% a 70% de ignorantes e ~30% de "politizados e inteligentes". Mas a "elite" continua sendo a turma dos 70%. Só rindo!
E daí, chegaremos à conclusão que a inteligência e politização são inversamente proporcionais ao IDH. Wow! Que conclusão brilhante senhores ideólogos do caos! Só que não, né! Talvez seja por isso que a África é um continente do primeiro mundo e predominantemente democrática, e a Escandinávia seja a parte mais pobre do continente europeu. Oras!

b) Bolsonaro só perdeu nos bolsões de pobreza que infelizmente ainda existem no Brasil, nos quais ainda dominam o coronelismo, os currais eleitorais, a seca, a fome e a falta de recursos básicos. Consequentemente, podemos concluir que os votos das esquerdas dependem da eternização dessas condições, visto que tiveram tempo para pelo menos estruturar o desenvolvimento dessas regiões mas, ao invés disso mantiveram o povo carente na base das bolsas, contrariando o Gonzagão que em Vozes da seca cantava: "...uma esmola a um homi que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão". De fato as esquerdas cuidam tanto dos pobres que os mantém.

Como razão para a vitória da direita você pode escolher (a) ou (b). Mas não se preocupe, o choro é livre e, como eu já disse outras vezes, o céu não cairá sobre nossas cabeças. Só é preciso enxugar as lágrimas e começar a fazer a sua parte trabalhando, e não reclamando.

15 outubro 2018

Feliz dia dos professores

Ivan Proles - www.freeimages.com
O que todos os grandes professores parecem ter em comum é o amor por  sua  matéria,  uma  satisfação  óbvia em despertar esse amor em seus alunos, e  uma  capacidade  em convencê-los    de   que   o   que   lhes   está    sendo  ensinado  é  terrivelmente  sério.                    

                                                                               
Epstein
Ainda não sou um professor à altura dos meus mestres, quiçá consiga sê-lo um dia.
Mas não poderia homenagear os meus colegas de docência, sem citar aqueles que me indicaram o caminho para tudo o que tenho conseguido profissionalmente, e de volta à sala de aula como professor.
Embora saiba que nessa lista estarei com certeza, cometendo injustiças, senão por esquecimento mas para manter o texto curto, vão aqui algumas homenagens:
Flora Benatti, minha professora do 1º ano primário, que mostrou-me a descoberta do mundo e o valor da persistência através de um presente, um livro contando as aventuras de Fernão de Magalhães, que movimentou minha imaginação por anos e despertou o meu prazer pela leitura.
Meu padrinho Carlos Pires, tipógrafo, que ao me ensinar a arte da encadernação, trouxe junto a paixão pela preservação de livros duramente garimpados no sebo da única feira livre de então.
Prof. Niquinho, que me iniciou nos conhecimentos musicais, nunca esquecidos e até hoje desenvolvidos como hobby na minha prática do sax.
Jorge Arce meu primeiro gerente na Philips, que quando não entendia algo de minhas explicações sempre me dizia: Valter, explique-me como se eu tivesse 4 anos.
Meu pai, um estranho cruzamento de Geppetto, Prof. Pardal, Dr. Brown (De volta ao futuro), com algumas pitadas de Mandrake; homem que com apenas 6 meses de ensino formal tornou-se um carpinteiro náutico, um esportista que construía suas próprias bicicletas de corrida, mestre pedreiro, técnico em eletrônica, rádio-amador e construtor de seus próprios aparelhos de telecomunicação.
Claro que minha mãe não podia ficar de fora com os seus ensinamentos de como fazer dez coisas ao mesmo tempo, economizar em onze, e ainda ter tempo para multiplicar todo o seu amor e carinho pelos filhos e sobrinhos.
Prof. Rodolpho Mehlmann, Importante educador mogiano, chefe escoteiro, líder religioso e cidadão exemplar, homenageado com vários títulos honorários e patrono da escola que leva seu nome. Foi o cara que me despertou para o aeromodelismo, fotografia, marchetaria, marcenaria, pintura em tecido, além de outras técnicas manuais e industriais.
Prof. Sardinha.  Sob sua influência, formamos um clube de ciências, cujos jalecos envergávamos orgulhosamente trazendo no bolso o símbolo de um átomo com o nome “Inicial clube de ciências”. O objetivo oficial era a prática de laboratório, mas nos inocentes anos 60 nossa missão secreta era o lançamento de foguetes num “campo de provas” nos fundos da escola.
Prof. Felix, um espanhol de sotaque difícil e personalidade ainda pior, mas com um coração de ouro. Me trouxe a paixão pelo chão de fábrica e pela racionalização de métodos, cronoanálise, e ganho de qualidade no relacionamento com os operários.
A lista ainda iria longe não só explorando mais qualidades dos citados, como das dúzias de outros que foram tão importantes quanto. E nem me atrevi a falar do quanto eu tenho aprendido com a prática dos meus colegas de sala de aula a quem rendo as minhas homenagens pelo dia de hoje.
Feliz dia dos professores!

08 outubro 2018

O Brasil está mais leve hoje 08 de Outubro de 2018

Parece que o Brasil acordou mais leve nesta Segunda. A limpeza do Congresso e da Câmara ainda não foi a desejada, mas já tirou de lá um bocado de lixo e não deu chance para que outros se reelegessem. Alguns mais gosmentos ainda continuam, mas nem tudo é perfeito. Mas já não passarão! Não terão vida fácil.
Dá pena ver que bizarrices como Tiririca, Jeep Wyllis, e alguns corruptos confessos e condenados continuam sendo eleitos e bem votados. Ou porque temos eleitores com um senso de humor incompreensível, ou porque ainda lhes falta patriotismo e senso de pertencimento.
E me dá mais pena ainda perceber que o nordeste, terra tão bonita e de gente tão boa (onde aliás tenho grandes amigos), ainda é um depósito de nosso lixo político, e de tantos exploradores da miséria do povo. Basta ver onde convivem os oligarcas e os "PTgarcas" que enganam o povo oferecendo esmolas e promessas eternas, como disse Gilberto Gil em Procissão:
"Muita gente se arvora
A ser Deus
E promete tanta coisa
Pro sertão
Que vai dar um vestido
Pra Maria
E promete um roçado
Pro João"
(É interessante como as letras dos esquerdistas jogam contra o que a esquerda vinha praticando ).
A mim pareceu que essa eleição foi o início da guinada para botar o Brasil (adernado à bombordo) em pé novamente.

22 janeiro 2018

Seo Antonio e os salmonídeos

Alguns causos merecem ser compartilhados.  Este é um deles.  Estava escrito há muito tempo e, qual é a graça de deixar engavetado?

Houve uma vez, lá pelo final dos 70 ou início dos 80, em que estavamos em 2 casais explorando a serra da Bocaina em um chevette – eita carrinho valente, acampando pelas cidades históricas da região.
Acampados numa fazenda em Bananal, subimos o que na época era uma estradinha precária de terra esburacada, com uma vista lindíssima, e resolvemos pescar trutas no lago do trutário Acqua, o que foi uma covardia porque as trutas faziam fila pra morder o anzol.

image by Skeeze in Pixabay.com


Depois que as belas trutas já estavam devidamente evisceradas, congeladas e armazenadas em nossa geladeira de isopor, resolvemos continuar a subir por umas estradinhas serra acima, atrás de uma estação de salmonicultura que algumas placas velhas diziam existir por lá.
E depois de muito subir, sem encontrar nada que sequer aparentasse ser um curso d’água, e já olhando para as nuvens pelo lado de dentro em alguns pontos, nós nos deparamos com um velho descalço e com um chapéu roto, caminhando pela estradinha.
Desprezando a velha regra de que homem não pergunta o caminho, eu, que estava dirigindo no momento, resolvi perguntar onde ficava a tal estação de salmonicultura.
E o velho respondeu: “Vocês já passaram por ela, vários quilômetros abaixo, um lugar grande com um lago...,vocês não viram as placas?
E nós “inteligentemente” respondemos: “Sim!  Nós até pescamos no lago!  Mas lá eles criam trutas!
E o velho replicou: “Sim!  Mas é lá mesmo. As trutas são salmonídeos!
Boeiiing!!!  Alguma coisa desconcertou os nossos paradigmas naquele instante.
Como um caipira velho, descalço, desdentado, e com um chapéu todo roto, me solta uma palavra tão científica como salmonídeo?   E pra complementar o homem desfiou toda uma história de que o que as velhas placas indicavam era um antigo projeto do governo, mas que não havia mais nada no local, etc, etc...  Mas que, se quisessemos conhecer um lugar muito bonito, com peixes ornamentais e plantas aquáticas, que nós poderíamos seguir em frente até o sítio do Dr. Antonio.  E assim, indicou-nos o caminho.  Agradecemos e tocamos em frente e ele continuou à pé em seu próprio ritmo “devagar e sempre”.
Com a espinha dos salmonídeos entaladas em nossa garganta fomos seguindo por uma estradinha cada vez mais estreita e cada vez mais pra cima, até que chegamos a um local que até hoje, pelo menos 25 anos depois, do qual ainda me lembro com estranheza.
Fomos recebidos por um jovem com aparência hippie e uma criança montada em seu pescoço, que veio em nossa direção meio ressabiado pela nossa presença, deixando-nos porém à vontade quando perguntamos se aquele era o sítio do Dr. Antonio.
Lagos bem cuidados com nenúfares e peixes dourados, uma casa meio estranha, uma kombi velha e e um amontoado de tranqueiras num canto, aliado à uma atmosfera meio nublada, davam ao conjunto uma aparência irreal, meio Shangrilá.
Em seguida chega o tal Dr. Antonio que não era outro senão o homem que havíamos encontrado na estradinha.
Batemos papo, e o filho me contou que o pai havia sido um médico de grande prestígio no eixo Rio – SP e que depois de ter contraído uma doença grave e ter lhe sido dado um prognóstico de poucos meses de vida, resolveu vender tudo, abandonar a cidade e comprar um sítio num lugar bem remoto para passar seus últimos dias.  Só que os médicos seus amigos estavam enganados e já fazia alguns bons anos que ele vivia no local.

Depois de escrever este texto, descobri que o local virou uma pousada gerenciada pelo filho do Dr. Antonio. Qualquer hora ainda apareço de novo por lá.

23 junho 2017

Sobre não reconhecer a própria ignorância

Tenho pesquisado sobre Metacognição como uma das bases para o planejamento das minhas aulas para o próximo semestre.

Podemos definir a metacognição como algo além do pensar, ou ainda como um pensar sobre o conhecimento.

E dentre os textos pesquisados, li o trecho abaixo que achei interessante compartilhar:

A ausência de metacognição se conecta à pesquisa realizada em 2003 por Dunning, Johnson, Ehrlinger e Kruger sobre "Por que as pessoas não reconhecem sua própria incompetência" Eles descobriram que "as pessoas tendem felizmente desconhecer a sua incompetência". Falta a elas a "percepção sobre deficiências em suas habilidades intelectuais e sociais".
Eles identificaram esse padrão em vários domínios - de testar, de escrever gramaticalmente, de pensar logicamente, de reconhecer o humor, no conhecimento dos caçadores sobre o armas de fogo, em técnicos de laboratório médico sobre terminologia médica e habilidades de resolução de problemas dentre outros. (págs. 83-84).
Em reumo, dizem eles que "se as pessoas não possuírem habilidades para produzir respostas corretas, elas também são amaldiçoadas com a incapacidade de saber quando suas respostas, ou de qualquer outra pessoa, estão corretas ou erradas" (pág. 85). Esta pesquisa sugere que o aumento das habilidades metacognitivas - para aprender habilidades específicas (e corretas), como reconhecê-las e como praticá-las - é necessária em muitos contextos.

Não! Não me abandones...

Olá

Vi agora que desde Abril não faço postagens por aqui. Lamento e peço desculpas pela ausência, mas foi um período bem agitado em que tive que abdicar de algumas coisas.
Embora ideias e opiniões continuassem fervilhando, o tempo foi escasso para o blog.

Opiniões políticas, principalmente, não tem dado tempo de escrever sobre, dadas as tantas mudanças e novas palhaçadas que aparecem todos os dias.  Pobre Brasil!

Mas... Não me abandone!

18 abril 2017

Aniversário do impeachment da Dilma

Agora há pouco, vi uma postagem do Luciano Pires no Facebook (de ontem), em que ele pergunta aos seus leitores se o Brasil está melhor ou pior, depois de um ano do impeachment da Dilma.

Na minha opinião, Sem dúvida está melhor!

É claro que há de se fazer uma contextualização. Melhor não significa, nem de longe, que todos os problemas estejam resolvidos ou em vias de.  Melhor não significa, como queriam alguns, que num passe de mágica o país tivesse se livrado de todo o entulho ideológico que se acumulou ao longo da gestão do PT. Melhor não significa que uma aura de santidade tenha sido incorporada aos nossos políticos.

Entretanto, está melhor porque houve um desmonte do projeto escuso de poder que vinha se tornando cada vez mais faminto. Há muito mais gente pensando o Brasil como uma nação e não como um quintal. E há um clima, hoje, ligeiramente mais otimista.

Ventos liberais estão soprando novamente e são muito bem vindos.

Para melhorar de fato, eu gostaria de ver a nossa mídia e as redes sociais ocupadas com discussões sobre projetos de educação e melhoria da saúde pública, como metas e planos de ação a começar de agora, ao invés de tanta discussão sobre os podres poderes, sobre delações e sobre desimportâncias.

E que o povo brasileiro passasse a pensar sobre o que cada um pode fazer pelo Brasil ao invés de continuar pensando como continuar parasitando o Estado brasileiro, exigindo direitos anacrônicos e questionáveis enquanto o barco Brasil continua adernado.

08 abril 2017

A Casa da estação


Dia desses estivemos reunidos para comemorar a vida junto com um grupo de parentamigos, alguns dos quais não víamos há alguns anos.
Tantas coisas, tantas situações foram relembradas que precisaríamos de mais algumas semanas pra botar a conversa em dia e rir todas as boas risadas que esses encontros proporcionam.

E uma das coisas que todo mundo se lembrou com saudades foi a “casa da estação”.

A construção com a fachada e planta típicas das casas de ferroviários deve ter sido construída entre o final do século XIX e início do século XX - já aparece em fotos datadas de 1920 - e era destinada à moradia do Chefe da Estação, figura importante naqueles tempos. Tem paredes grossas de tijolos de alvenaria descomunais, telhas francesas vindas de uma olaria em Marseille, janelas e portas importadas e confeccionadas em pinho de riga, com inúmeros aposentos de um pé-direito altíssimo mas ridiculamente pequenos.

foto de 1920 - Arquivo de Benedito dos Anjos


Durante muitos anos a casa foi residência dos meus sogros Iolanda e Ignácio, desde que ele veio transferido de Cachoeira Paulista.

Era uma pequena chácara dentro da cidade com galinheiro, fogão à lenha, árvores frutíferas, pinheiros, um loureiro, e nos dias de chuva, muita lama pra molecada jogar futebol.  Tinha até um laguinho azulejado que era usado como piscina pela criançada.

É claro que eu só me lembro da casa depois de ter entrado para a família. Foi o palco de muitos finais de semana memoráveis e de muitas confraternizações quando lá se reuniam os membros da família que vinham do Vale do Paraíba, de São Paulo, de Itú, e do ABC. A casa também fez parte da infância dos meus filhos, até a aposentadoria do meu sogro.

A casa ainda está por lá, mas a estação como um todo está muito diferente. Um pouco mais moderna, mas extremamente desfigurada em sua essência ferroviária dos velhos tempos. Hoje restam as boas lembranças.


19 março 2017

o brasil contra O Brasil


Nós temos um problema muito mais sério do que vemos nos noticiários e nas redes sociais, e que ninguém se dá conta.  O brasileiro não leva o Brasil a sério.

Hahaha! Qualquer crise vira piada, vira um meme, uma charge, cheios de imaginação. Vira motivo de riso, e fica tudo por isso mesmo. Toda essa criatividade não está servindo para nada!

Começa porque somos uma terra de ninguém. O senso de pertencimento do brasileiro como povo é praticamente zero. Mesmo a meia dúzia de aguerridos militantes de esquerda que poderia chamar isso pra si, grita pelos motivos errados.

O nosso individualismo é congenitamente mal formado. De fato, não somos individualistas, somos uns dependentes precisando de reabilitação. Dependemos do Estado, dependemos de salvadores da pátria, dependemos dos pais dos pobres, dependemos sempre que alguém nos diga o que é melhor pra nós. Não acreditamos que possamos erguer um país por nós mesmos.

E por isso, acabamos elegendo gente desclassificada e sem cidadania alguma para exercer esses papeis. Não pode dar certo!

A nossa janela de percepção do Brasil e do mundo não é transparente

E para piorar só percebemos um mundo ficcional que achamos que é real. A nossa janela de percepção que é imposta pelos meios de comunicação (de A a Z sem exceção) é acreditada como sendo a realidade.   Isso me faz lembrar a "Caverna de Platão". - seja curioso procure saber do que se trata.

A nossa mídia formal abre janelas sequenciais de notícias diversionistas (sempre querendo tirar a nossa atenção do ruim para o pior), amplifica pequenas crises para que pareçam o mais novo apocalipse, planta notícias falsas ou meias verdades, enfim dirige a nossa atenção para aquilo que interessa momentaneamente a elas próprias ou aos interesses que defendem.  Infelizmente agem todo o tempo como Arautos do Caos.

Em paralelo a isso, empresas de publicidade de pesquisa a soldo, usam de todos os artifícios para também plantar "tendências" que a rigor não mereceriam uma linha pela confiabilidade.

E o povo brasileiro bovinamente, com suas "excelentes" habilidades de interpretar textos, e um senso crítico "perfeito" se submete a essas verdades instantâneas e usa as redes sociais para repassar tudo o que ouve ou vê (e não lê), achando que o céu cairá sobre nossas cabeças se o Temer continuar, se o Lula não for reeleito, se a Dilma aprender português, se o juiz isso, a previdência aquilo,
se o Trump...
É algo como se preocupar com as pulgas mas deixar o cachorro morrer de fome.

Hoje nós somos apenas o reflexo embaçado de um povo tutelado por um Estado patrão. Somos a sombra de um projeto falido de socialismo tropical, que em maior ou menor grau vem se arrastando desde Getúlio Vargas ou ainda antes.

A ideia equivocada de que o Estado social durará magicamente para sempre e que é um manancial inesgotável de recursos, continua encantando muitos cegos de informação.  E desse modo aqueles tais pais dos pobres, coronéis, ou simples aproveitadores continuam se locupletando sem limites, cantando o canto das sereias e se eternizando no poder.

Será que não está na hora de repensar o Brasil? 

Será que não está na hora de agir a partir de nossas reais prioridades?
Na minha visão as prioridades do Brasil se constituem em um tripé: Educação, Saúde e Segurança, em que a Educação é a perna que equilibra o sistema.
Só com um sistema educacional de qualidade é que constituiremos verdadeiramente uma nação. Isso só será possível quando restaurarmos uma escola sem vieses partidários, com professores bem formados que saibam sua real função em sala de aula.

É impossível que possamos construir algo sólido com a qualidade do repertório cultural, competências sociais e profissionais, que os nossos jovens apresentam hoje quando deixam os bancos escolares. Mas é possível mudar isso em 3 ou 4 gerações.
Depende da vontade política, mas isso deve ser imposto por nós mesmos. Já vimos isso acontecer em outros países que hoje são potências mundiais econômicas e sociais.

 Só pessoas com uma educação sólida passarão a pensar nas consequências de cada pequeno ato, saberão cuidar do meio ambiente e de sua própria saúde, serão cidadãos mais conscientes, serão produtivos profissionalmente, serão vigilantes e honrarão os seus deveres para com a Pátria.
Cidadãos educados serão cidadãos mais saudáveis onerando menos a saúde pública.

E melhores cidadãos contribuirão para uma sociedade mais segura reduzindo os gastos da segurança pública.

A pergunta que não quer calar é: O que você está fazendo nesse sentido?

14 março 2017

A carência de valores que nos assombra

ilustração por Valter Mello
Ontem pela manhã, acompanhei minha esposa ao médico, exatamente no horário da entrada de um colégio que fica em frente ao local da consulta.

Na falta de algo pra ler, fiquei observando a entrada de alunos por volta de uns 15 a 20 minutos e o que vi não é exatamente um painel elogioso sobre os valores daqueles que são “o futuro da nação”.

Eu estava em uma posição privilegiada para ver os carros que chegavam e como paravam, as interações no desembarque, e a passagem dos alunos pela portaria.
Sem medo de errar, eu digo que menos de 20% dos alunos cumprimentaram o porteiro ao passar por ele.

Ainda menor do que esse percentual, foi o dos alunos que ao descer dos carros dos seus pais, lhes deram um beijo, ou ao menos um “tchau” ou tiveram uma interação mínima. A imensa maioria saiu do carro completamente indiferente a que estava ao volante.

E inversamente proporcional a isso, foi o dos carros parando no meio da rua ou em fila dupla, para não se dar ao trabalho de encostar no meio fio, ainda que haja um bom trecho de calçada livre em frente à portaria exatamente para evitar congestionamento na rua estreita.

Não quero afirmar aqui que essa falta de civilidade seja exatamente culpa da escola, uma vez que tenho a opinião de que educar não é a função primeira de uma instituição de ensino.  Esse tipo de educação deve vir de casa.
Entretanto, imagino que uma escola que pretende formar nossos futuros líderes, cuja mensalidade deve beirar os R$1.000,00 senão mais, e cujos alunos são levados até ela em grandes SUVs e carros nada populares, deveria cuidar da formação também em cidadania e não se preocupar só com o faturamento e com boas notas do ENEM.

Como imaginar que adolescentes que são completamente indiferentes ao porteiro que diariamente cuida de sua segurança, estejam desenvolvendo bons hábitos de urbanidade?

Como imaginar que adolescentes que percebem seus pais apenas como motoristas, talvez até como reflexo de não ver neles os exemplos mínimos de respeito ao próximo, estejam desenvolvendo noção de respeito

Como eu aposto que isso se repete em outras escolas particulares por aí, eu pergunto:  É essa a qualidade dos líderes que estamos desenvolvendo?  São eles que mudarão o Brasil para melhor?

Pobre Brasil!

11 março 2017

Brasil - Um país adernado

ilustração por Valter Mello sobre imagens de www.pixabay.com

Somos um país adernado à esquerda – bombordo na linguagem náutica, que curiosamente é o lado do navio sinalizado com uma lanterna de cor vermelha.
Adernado porque não temos uma contraparte à direita que consiga aprumar  o nosso barco, e um barco adernado é um barco instável.  Para seguir em frente, teria que contar com um capitão extremamente competente que não se intimidasse de se livrar da carga concentrada que está deixando o barco ingovernável, mas o que temos visto é que não só os capitães mas também os seus assessores continuam olhando à esquerda ao invés de para frente.
O problema disso é que quanto mais o barco aderna, mais a carga corre para o lado que o fará soçobrar, e a correção terá que vir da extrema direita. É isso o que queremos?
A maior parte dessa carga adernante é de lixo orgânico que veio se acumulando em nosso país desde tempos imemoriais. Os miasmas desse lixo continuam contaminando as pessoas com uma doença que se manifesta sob a forma de coitadismos, segregacionismos irracionais, vitimismos, síndromes de vira-latas, e outros sintomas como o desejo incontrolável por direitos e o asco exagerado aos deveres. 

Nossa legislação não ajuda o Brasil

Essas deturpações, que se tornaram quase naturais, se manifestam através da falta de civilidade e do individualismo torto dos brasileiros, e da complacência com a corrupção.
Foram sendo justificadas através de leis inúteis, contraditórias, culminando com uma constituição prolixa e confusa, mas continuam se disseminando. Tudo isso misturado virou um paraíso para os ratos exploradores de brechas na legislação, um prato cheio para os zumbis exploradores da ignorância, e para os “salvadores da pátria” que de salvadores nada tem.
Vemos reflexos dessa doença todos os dias: Virou moda a crítica às empresas e ao lucro como se fossem coisas do demônio, virou moda que a mídia (com pouquíssimas exceções)  teça notícias distorcidas desde que siga a cartilha das esquerdas e das supostas minorias. Por exemplo criticando ações duras das forças de segurança ainda que em favor do bem comum.
Virou moda exigir direitos pelo simples desejo de algumas minorias “espertas” de que algo que lhes seja conveniente passe a ser considerado um direito.   Virou moda crucificar qualquer opinião contrária a esse senso comum.  É quase um crime expressar ideias liberais ou mais ou menos conservadoras, qualquer que seja o grau.
Recentemente, em um treinamento do qual participei, houve uma dinâmica em que os grupos deveriam decidir pelas ações a tomar com um empregado do setor de segurança, que foi pego furtando a empresa; que confessou o crime mas alegou que praticava o delito porque precisava custear um tratamento de saúde para sua mãe querida.
O resultado foi uma imagem do Brasil.
Dos cinco grupos, apenas um decidiu pela demissão do empregado por justa causa, justificando que as decisões da empresa devem ser impessoais, e o que importa é o fato em si.
Todos os demais, em maior ou menor grau, relativizaram a gravidade do ato praticado pelo empregado (ainda que fosse ele um dos responsáveis pela segurança), alegando a função social da empresa, o fato de que a doença da mãe seria uma atenuante, que a empresa era a culpada pelo ato do infrator por não ter lhe dado condições de pedir auxílio (pura interpretação já que isso não estava no texto do caso), e outras motivações que na minha opinião, acabariam por passar aos demais empregados a noção de que os fins justificam os meios.
Isso foi só um exemplo de como as coisas são decididas por aqui. Com base na emoção, nas lágrimas, no canto doce da sereia, ou por medo das chamas do inferno.

Como evitar o naufrágio?

Precisamos aprender urgentemente a nos ater aos fatos e não julgar pelas aparências ou conveniências.
Reduzir as infrações procurando o lado “social” do crime, só nos leva a tomar decisões erradas.
Na minha opinião, isso não é diferente do velhíssimo “estupra mas não mata”, e da fala dos nossos famigerados defensores dos direitos humanos, que via de regra culpam as vítimas.
Há muito o que fazer pelo Brasil. Há muito o que fazer para a melhoria dos nossos indicadores sociais. Entretanto, situações anormais exigem ações anormais. E rápidas.
Falta pouco para o Brasil fazer água e soçobrar de vez. Muita culpa por isso será devida aos nossos “intelequituais” que só conseguem ver a água do naufrágio cada vez mais próxima e ouvir através dela o canto fúnebre vindo dos cadáveres das sereias socialistas.  A situação é crítica, ou a gente muda nosso modo de pensar ou não haverá botes salva-vidas para todos.

Lembrem-se do que disse John F. Kennedy: “Não pergunte o que o seu país pode fazer por você. Pergunte-se o que você pode fazer pelo seu país”.  E o Kennedy era um democrata, o que significa que era teoricamente de esquerda.  Quanta distância do pensamento da esquerda subdesenvolvida que temos por aqui, hein?

este artigo também foi publicado na revista digital Sociedade Pública

25 janeiro 2017

A vida é mesmo como um Jogo de paciência?

photo by Carlos Paes in www.freeimages.com
Há muito que tenho cultivado a imagem que a vida é como um jogo de paciência, em qualquer das suas inúmeras versões.
O virar de uma carta (evento aleatório) interfere na sequência como todas as cartas já conhecidas e devidamente posicionadas serão rearranjadas, e muitas vezes ocorrem situações irremediáveis e não conseguimos levar o jogo até o final.  Tal como na vida, dependendo de qual o nível de dificuldade que se tenha imposto, as probabilidades de terminar o jogo com sucesso podem ir de 90% até 20% ou ainda menos.
Isso tem a ver com decisões, desafios, e recompensas. E de novo, tal como na vida, tem a ver com o valor que atribuímos a cada uma dessas coisas.

De uma conversa pela manhã, em que eu e minha esposa conversávamos sobre os "E se" da vida: E se eu me graduasse em medicina?, ou em direito?, E se eu tivesse migrado para o departamento de manutenção?, e se eu não tivesse me demitido do emprego?, E se eu tivesse insistido mais nos negócios do meu pai?, e se eu tivesse ido trabalhar em Manaus, E se eu me graduasse no ITA?  E brincávamos sobre os impensáveis cenários atuais resultantes dessas opções.

Em seguida li uma postagem da minha nora com "lembranças" no facebook, justamente falando de suas decisões, e surgiu-me a ideia de fazer uma pequena postagem sobre o assunto.

As decisões que tomamos são libertadoras (comentário de outra pessoa na mesma postagem).  Ao que eu acrescentei que as decisões que tomamos fazem a nossa história.  Uma única história!

Entretanto, as decisões que poderíamos ter tomado fariam infinitas diferentes histórias cujos resultados jamais saberemos. Compõem uma infinita sucessão de "Se".  Considerando que eu não creio em universos paralelos, não vale a pena sequer pensar em quais seriam os resultados das outras histórias porque elas nunca aconteceram.

A vida só conta a partir das decisões tomadas.

Assim sendo...   'mbora decidir!

E você concorda ou discorda?

Ah! Se você gostou  desse texto, creio que gostará de ler também sobre as lições do vaso quebrado:

http://circodasideias.blogspot.com/2014/07/o-vaso-quebrado-e-suas-licoes.html

19 janeiro 2017

O leilão de cavalos crioulos

photo by Sebastian Danon in www.freeimages.com
Em minha vida de consultor, tive a oportunidade de viajar o Brasil inteiro fazendo projetos rápidos para uma grande multinacional, projetos esses que visavam o desenvolvimento de boas práticas logísticas em clientes promissores, num autêntico ganha-ganha.

De passagem é preciso dizer que ninguém instala um armazém de empresa em um bairro nobre. Desse modo, a periferia e a “beira de rodovias” fizeram parte do pacote com todas as suas peculiaridades. Foi uma oportunidade de ouro para conhecer o Brasil de verdade, a sua gente e cultura regionais, sem os filtros coloridos do turista.  Eu diria mesmo que tive a oportunidade de conhecer os vários Brasis, com suas múltiplas linguagens, culinárias, costumes, valores e crenças. À despeito das diferenças eda pobreza da maioria dos lugares,  eu gostei do que vi.  Ainda tenho fé no Brasil.

É bem verdade que também conheci um mundo de charme e “savoir-vivre”. Tanto com os empresários envolvidos no projeto, com os meandros do poder e da influência política concentrada por eles principalmente nas pequenas cidades interioranas do norte e nordeste, mas também porque a hospedagem foi sempre em hotéis top e frequentemente rolava um almoço de negócios nos melhores restaurantes disponíveis (nem sempre de luxo).
Vou voltar aos causos dessas viagens várias vezes. Por razões de bom senso, quando eu precisar me referir a nomes de pessoas ou empresas esses serão sempre fictícios.

O leilão de cavalos crioulos

Não sei como a cidade está hoje, mas a Curitiba que conheci me deixou muito bem impressionado.  Uma cidade bem organizada e funcional, com gente muito hospitaleira.
Depois de uma reunião inicial com o cliente, fomos convidados  para almoçar no belo Parque Barigui, que é um local tradicional de feiras e exposições. Durante o percurso da sede da empresa até o parque, o sr. Zeca, o dono da empresa visitada, me conta que é criador de cavalos da raça crioula. 

Chegando ao parque, e de  surpresa, ao invés do restaurantes  fomos levados primeiro para visitar uma exposição agropecuária que estava  acontecendo por lá. Muitas picapes, SUVs, muita gente orgulhosa de suas origens gaúchas e devidamente trajadas com suas pilchas.
E aí o Sr. Zeca me pede: “Seo Valter, eu tenho um animal no leilão e preciso de um favor: vai com o meu peão até as cocheiras como se estivesse interessado em iniciar uma criação, converse com o pessoal de lá, e fique particularmente interessado pela minha potranca. Assim como quem não quer nada, deixe escapar que está disposto a pagar pelo menos um X por ela. Isso vai me ajudar a levantar os lances.”

Não sei se ajudei em alguma coisa porque a minha cara de espanto ao ver tantos animais bonitos deve ter me denunciado. Mas o churrasco no almoço estava uma delícia, e nele sim, eu aproveitei para perguntar e aprender mais sobre a raça.  
Quisera eu poder, de fato, começar uma criação.

24 dezembro 2016

Por um Natal e novo ano de ações

photo by Brian Strevens in www.freeimages.com


Olá pessoal
Nestes últimos dias eu andei refletindo muito sobre o que escrever sobre o Natal e o novo ano, e decidi não escrever nada no estilo natalino.
Solidariedade, Hospitalidade, Civilidade, Compartilhamento, Respeito, são algumas das palavras que comporiam o meu texto, mas só quero lembrá-los de que para que valham alguma coisa não basta escrevê-las, precisamos de ações.

Esqueçam frases bonitinhas, cheias de efeito e luzinhas piscando, os Corais natalinos e as árvores enfeitadas, Esqueçam os amigos secretos, esqueçam as trocas de presentes, esqueçam o Natal do consumo, esqueçam as orações e as bênçãos de ocasião.

Em lugar disso, façam a si mesmos a promessa de que todos os dias, e não só nos próximos dias, vocês agirão no sentido de tornar esse mundo um pouquinho melhor, deixando de olhar apenas para vocês mesmos.  Uma pequena boa ação por dia, e um olhar para além do seu próprio umbigo já seriam suficiente, mas eu tenho certeza de que, se você é meu amigo, você é capaz de muito mais.

Qual será a sua contribuição para que:

Nos novos anos as notícias sobre guerras e violência sejam a exceção e não a regra, que só tenhamos fotos de crianças sorridentes nas revistas e noticiários, que políticos confiáveis sejam mais reais do que os elfos de Papai Noel, que nossos níveis educacionais ganhem destaque positivo, que possamos atravessar a rua em uma faixa de pedestres sem medo do atropelamento, que tenhamos menos carrinhos de supermercado largados pelo estacionamento, que uma vaga ou uma fila para pessoas especiais sejam respeitados, que mais pessoas respeitem os direitos do próximo e lembrem-se que todos temos deveres com esse próximo.


Enfim, tá bom vá!  Ainda dá tempo de fazer algo para este Natal, e fazer um 2017 minimamente decente (o que já será um bom começo), só depende de você.

10 dezembro 2016

Dia do Palhaço

photo by Paul Tom in www.freeimages.com
Dia do palhaço. O que comemorar?  Este ano de 2016 está longe de ter sido o ano que todos os palhaços de fé desejariam. Um ano em que todos rissem e fossem felizes. E que a alegre música circense, tocada por uma daquelas bandinhas simpáticas estivesse no ar.

Principalmente para nós brasileiros, foi um ano surreal, em que todos nós estivemos no picadeiro, porém apenas para servir de serragem para a maioria de nossos políticos.

Que venha 2017, e que a situação se inverta. Que sejamos nós os palhaços e eles a serragem.






01 dezembro 2016

Onde estão os conversadores?

photo by Carlos Paes in www.freeimages.com
Eu não sou um saudosista empedernido daqueles que vivem louvando “os velhos bons tempos”. Vivo muito bem no presente e vivo com intensidade. Entretanto, tenho que admitir que sinto falta daqueles tempos em que não precisávamos ter tantas preocupações com segurança, em que as pessoas pareciam mais puras, em que podíamos confiar em desconhecidos sem tanto medo de sermos passados para trás. Tempos em que a vida parecia mais simples e o tempo corria mais devagar.
Ops! Será que estou sendo saudosista?  Até acho que sim! Talvez porque eu vivi um tempo em que era possível andar de madrugada pela cidade, fazer camping selvagem em qualquer praia da Rio-Santos preocupando-me somente com o qualidade do repelente e com o limite da maré alta, encontrar gente disposta a conversar, e pasmem: com uma conversa gostosa daquelas que a gente não queria que acabasse.

Onde foram parar os conversadores?

Aliás onde foram parar os assuntos interessantes das conversas? Atualmente está difícil vencer a concorrência com os celulares. Parece que as pessoas nunca estão onde seus corpos estão. É um tal de ver gente falando ou rindo sozinha, voando pendurada pelos fones de ouvido em suas orelhas, ou mais recentemente caçando monstrinhos digitais.  E tem gente achando que até o Facebook está ultrapassado e que agora toda conversa pode ser resumida num whatsapp com meia dúzia de palavras, quando muito num aúdio de alguns segundos.
Paradoxalmente, somos todos indivíduos sem individualidade numa coletividade de cada um pra si.

Conversadores, estão ficando raros. Não se iludam os que vêem aglomerações nos botecos e acham que ainda são redutos para conversas interessantes. Quando muito são intermináveis e chatíssimas discussões sobre o time do coração, ou sobre os atributos do garoto/garota da mesa ao lado, mas e assim com baixíssima compreensão por conta do barulho reinante.

Hoje em dia, para se achar um conversador genuíno, temos que pegar uma moto, um jipe, uma bike, e sair para o interior até sentir o cheiro de café no bule e a fumaça de um fogão à lenha (rezando pra não ser assaltado no caminho!).  E então procurar pelos indícios típicos: Um caminhar devagar, um terreiro limpinho, flores na janela, horta bem cuidada. Se tiver sorte, um banco longo debaixo do beiral.

Aí, toca aproveitar o momento. Não se preocupe com selfies ou fotos. Nem peça o cartão ou o telefone Apenas converse. Você não faz ideia da transformação que isso provocará.



24 novembro 2016

Os dois modos de contar a verdade

Estava pesquisando os meus arquivos buscando inspiração para a postagem desta semana, e encontrei um recorte interessante para compartilhar com vocês.  É inspirador, e dá um refresco na pauta política.

photo by Liliana Bettencourt in Freeimages.com

Certo dia, um sultão acordou muito nervoso, pois havia tido um pesadelo horrível – sonhara que perdera todos os seus dentes. A cada dente que caía ele chorava muito e cada vez o choro ficava mais triste. Ele não aguentava mais a angústia e chamou o adivinho do palácio para lhe dizer o que o sonho significava, e o adivinho falou:
- Meu sultão, terríveis palavras vou proferir, mas é a verdade e tenho que lhe dizer. O senhor será muito infeliz, pois todos os seus parentes morrerão, filhos, filhas, esposas e sua adorável mãe.
O sultão ficou irado e disse:
- Como ousas, miserável, falar tais mentiras?! Guardas, arrastem este enganador, batam cem vezes nele e arranquem-lhe a língua para que pare de falar tolices!
Mas a dúvida e o medo do sultão cada vez mais aumentavam mais.
Sendo assim, mandou chamar outro adivinho, que falou:
- Meu sultão, tenho maravilhosas palavras a proferir. O senhor terá longevidade e será aquele dentre os membros de sua família que mais tempo nos honrará com imensa sabedoria e justiça.
O sultão abriu um sorriso imenso e disse:

- Adivinho, ganharás cem moedas de ouro pela feliz notícia que me deu. A longevidade de um homem deve ser comemorada!
Colhido em “Ensino: Como encantar o aluno e vencer a concorrência”
Marques. André, e Pinho Lopes. Cláudia Valéria,
DISAL Editora, 2007